Viking 2022: exercitando a cooperação internacional e a integração de mecanismos sociais

O exercício Viking 2022 aconteceu entre os dias 28 de marco e 7 de abril, conectando atores de mais de 50 países e 70 organizações internacionais. O treinamento é liderado pela Suécia, e faz parte de um acordo de Cooperação com os Estados Unidos, em vigor desde 1999. As cidades suecas onde há atividades incluem Enköping, Uppsala, Karlskrona e Kungsängen. No Brasil, a central estava sediada no Comando Militar do Planalto, em Brasília.

Uma mensagem em amarelo na tela gigante da parede diz que houve um ataque, e civis precisam de comida e ajuda para transporte. A observação ao lado da mensagem indica que é necessária a participação de especialistas em gênero na operação, pois pode haver mulheres em situação de risco e isso precisará ser reportado às autoridades.

O cenário era de uma suposta situação de conflito. A cena era da sala de controle da central brasileira parte do Viking 2022, um exercício militar e civil digital de cooperação internacional, com o objetivo de preparar militares, civis e policiais para participar de esforços de promoção da paz ao redor do mundo.

Muito além de treinar situações em que a participação militar é necessária, o Viking 2022 promove a importância da cooperação com atores civis, especialmente profissionais de organizações internacionais que lidam com paz, direitos humanos, igualdade de gênero e proteção das crianças – como a Organização das Nações Unidas (ONU).

O Coronel Rodrigo de Carvalho Bernardo, Coordenador Operacional do Viking 2022 no Brasil, ressalta a importância deste tipo de atividade para a capacitação profissional dos envolvidos: “O cenário utilizado na simulação, embora fictício, é atualizado e extremamente realista, e inclui temas específicos e multidimensionais. Além disso, o envolvimento de especialistas em distintas áreas fornece orientação precisa e atualizada àqueles que estão em fase de treinamento para desdobramentos futuros”.

A capacitação de pessoas envolvidas em situações de conflito e em atividades de promoção de paz demanda constante atualização e conhecimento de modelos factíveis, para que possam treinar da forma mais verídica.

“Isso talvez seja uma das maiores contribuições desta atividade. É fundamental entender que a cooperação e coparticipação de todos esses setores é um legado para as estratégias e atividades internacionais de promoção da paz”, complementa o Coronel Lars Bergström, Adido de Defesa da Embaixada da Suécia no Brasil. O Cel. Lars visitou as instalações do exercício em Brasília, acompanhado do Chefe de Missão da Embaixada da Suécia, Anders Wollter.

Juntos, participaram de uma das reuniões de avaliação das atividades e conheceram as salas de controle e escritórios de gerenciamento civil e militar do Viking 2022, em Brasília. Anders Wollter disse estar impressionado com toda a organização das atividades no Brasil, e satisfeito com os resultados que isso pode trazer para a relação entre os dois países.

“Quando se promove este tipo de treinamento, se identifica onde e como podemos ser melhores ao trabalharmos juntos. Essa percepção é chave para que as relações entre a Suécia e o Brasil sejam ainda mais fortes e alinhadas com nossos objetivos em comum por um mundo melhor”, afirma Wollter.

O que diferencia o Viking de outros exercícios internacionais é que todas as organizações e países participantes têm seus próprios objetivos para o exercício; ou seja, o Viking não é apenas um exercício militar, é também uma plataforma de cooperação para aumentar a capacidade da própria organização, bem como a cooperação entre os atores do ambiente onde estará operacional.

Viking 22 é baseado em um cenário internacional totalmente novo “Northern Continent”, que é construído sobre a geografia nórdica, mas onde o conteúdo é retirado dos conflitos da era moderna. O cenário é adaptado às doutrinas da Otan e aos processos utilizados nas operações. Isso oferece aos oficiais suecos uma excelente oportunidade de aprender e praticar com colegas internacionais no âmbito de operações conjuntas. *

A parte brasileira do Viking 2022 reúne 276 participantes (133 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica), 18 militares estrangeiros, 7 policiais militares, 21 civis e 97 pessoas de apoio direto. Ao todo, são 276 participantes e 12 países representados.

Para além da defesa militar – Atualmente, os conflitos e situações de urgência para mediação da paz impõem cuidados para além das estratégias militares. O combate à desinformação e às notícias falsas também faz parte do escopo do treinamento do Viking 2022 reforçando, ainda mais, a importância da multidisciplinaridade deste tipo de treinamento.

“As características do Exercício VIKING 22 (multinacional, multifuncional e multidimensional), fornecem bons indicadores da importância e da real necessidade de interação entre todos os participantes. Neste escopo, destaca-se a participação de integrantes das três Forças Singulares (Exército, Aeronáutica e Marinha do Brasil) e de militares oriundos de Nações Amigas, o que fortalece a interoperabilidade entre as Forças Armadas nacionais e reforça os laços históricos de amizade que unem distintos povos partícipes de Missões de Paz da ONU”, destaca Coronel Bernardo.

A Chefe da Equipe Civil do Viking 2022, Eduarda Hamann, destaca ainda o esforço de preparo ao longo dos últimos meses: “O trabalho para que isso acontecesse agora, começou há muitos meses atrás. Um trabalho conjunto entre todas as partes, importantíssimo para a realização desse exercício”.

"O exercício é uma forma de construir pontes entre nações e organizações, além de desenvolver redes pessoais. Naturalmente, a atual situação de segurança afeta o exercício, tornando-o ainda mais importante", diz o tenente-coronel Carl-Fredrik Kleman, responsável pelo planejamento do Viking 22.

 

*Fonte: Viking 22 – the world’s largest international computer aided staff exercise - Swedish Armed Forces (forsvarsmakten.se)

Com informaçõe do Comando Militar do Planalto.

Fotos: Embaixada da Suécia

Última atualização 19 abr 2022, 09.06